A escolha de uma distribuição de Linux
O mundo Linux é cheio de escolhas de distribuições que, basicamente, são sistemas baseados (não são de desenvolvimento próprio) em distribuições principais (Como Debian, Ubuntu, Arch, Fedora e OpenSuse), basicamente apenas um amontoado de programas e configurações personalizadas mais completas do que as presentes nas distribuições em que foram baseadas. Isso cria centenas (senão milhares) de versões de Linux sem basicamente agregar nada no desenvolvimento do sistema, no máximo um programa de instalação de drivers de vídeo AMD/nVidia ou pacotes que não existem diretamente na plataforma. Isso sem dizer que são raras as distribuições "agregadas" usarem repositórios próprios, dá pra contar nos dedos das mãos quando isso acontece.
Por um lado isso é bom pois distribuições "completas" entregam logo um sistema pronto para uso sem praticamente nenhuma interferência do usuário; por outro lado, todos os dias "nascem" distribuições (a maioria baseadas no Debian) que são só mais do mesmo, com aquela propaganda de "só gastar X de RAM" ou com a promessa de deixar o seu PC como um foguete.
Essas distribuições procuram usar interfaces mais "leves" como Cinnamon na esperança de entregar um sistema leve para o dia a dia e também outras mais conhecidas como Gnome ou Plasma. Quem nunca teve ou tem pouca experiência com Linux até pode cair no conto da "melhor distribuição" pois a melhor é aquela que melhor serve ao usuário e não aquela que se diz melhor já que TODAS se dizem melhor que as outras.
Claro que não estou dizendo para não usar as "baseadas", mesmo porque servem para dar a experiência de uso que o usuário procura, o problema é quando as distribuições escolhidas ou experimentadas não entregam o que o usuário precisa. Por isso sempre digo para escolher uma distribuição principal e a partir dela aprender com o sistema, fazendo a instalação de programas e fazer suas próprias configurações. Duas distribuições que recomendo dentre as principais (ou seja, aquela que serve como base para outras) seriam Arch e Debian.
E o que falar das distribuições que já vem em máquinas montadas? São uma cagada só, feitas a partir de uma distribuição padrão (normalmente Debian e nem costuma ser a atual) mas com recursos originais retirados para a colocação de soluções da fabricante, resultando em um sistema feio, cheio de frescura e defasado em relação ao que a distribuição original pode entregar e isso acaba reforçando a ideia de que Linux é uma bosta pois o usuário vai logo trocar o sistema pelo Windows.
Arch Linux
É uma distribuição rolling release, ou seja, as atualizações vão sendo disponibilizadas com a evolução do sistema, não tem versões tipo Debian 11, 12 e 13. Kernel sempre mais novo, pacotes sempre atualizados, repositórios próprios e ainda "por fora" mantidos por usuários e entusiastas chamado AUR além dos outros repositórios Snap e Flatpak. Funciona muito bem em todo tipo de máquina desde que com hardware mínimo em relação a drivers de vídeo (devido ao OpenGL e VA-API). Qualquer máquina com uma placa de vídeo mínima (como nVidia GT 730 ou HD 4000) com 4GB de RAM vai funcionar sem problemas; além disso, caso tenha algum hardware que não funcione por ser relativamente antigo, há o kernel LTS que mantém a compatibilidade com dispositivos de placas-mãe mais antigas, como as placas com soquete 775 e dispositivos wifi.
Entrega ótima funcionalidade e estabilidade em máquinas pererecas, o problema é o método de instalação: se dá por meio "texto-gráfico" pouco amigável com que gosta de tudo na mão mas dá pra fazer pois é quase "next-next". E por ser rolling release, há atualizações praticamente todos os dias e quem deixa pra fazer uma vez por mês fica com cerca de 400-800MB de arquivos para baixar; pra quem banda larga com franquia (4G, por exemplo) isso pode pesar dependendo do plano escolhido.
Debian
Essa é a mãe da maioria das distribuições que pipocam por aí. É uma distribuição com versões (não é rolling release e sim Debian 11, Debian 12 ou Debian 13) então as atualizações são bem menos frequentes e a versão que vai se atualizando dentro da versão principal (como Debian 13) vai sendo "renomeada para 13.1, 13.2 e assim por diante até o ciclo de lançamento da próxima versão. Isso não significa que o sistema é desatualizado e sim que o projeto dá preferência à estabilidade e velocidade; se assim não fosse não seria a distribuição mais "MC Catra" do mundo Linux.
O kernel fica entre o não tão novo e o não tão velho, então é ótimo para PCs mediamente atuais, como i3/5/7 de 3ª Geração em diante, RAM DDR3 ou DDR4 e placas-mãe de soquete 1150, 1155, 1200, 1700 e por aí vai. Não tem ferramentas próprias para instalação de drivers nVidia/AMD mas o nativo do sistema costuma se sair bem (noveau da nVidia, por exemplo). Quando os drivers são para HD 3000 para cima (intel onboard) já permite code/decode via GPU, ótimo para conversão de vídeos. Bons repositórios e acesso a Snap e Flatpak e possui um excelente método de instalação, com a escolha do ambiente gráfico e eventuais programas nativos complementares, como o navegador Firefox e o player de mídia VLC.
As interfaces gráficas
Essa parte é mais conturbada pois meio que desperta o lado retardado de muito usuário que não aguenta ler uma crítica daquilo que usa. As principais interfaces gráficas são Gnome e Plasma mas há outras se firmando, como o Cinnamon (um Gnome com outra cara), LXQT e DDE (Deepin Desktop Environment). As outras que tem são projetos que basicamente só devem ser usadas em máquinas realmente perereca pois tem tão poucos recursos para que sejam "leves" que o usuário se sente no Windows 3.11. Então, tendo uma máquina minimamente boa (i3 de 3ª geração, 4GB de RAM DDR3 mesmo com vídeo onboard) qualquer uma vai funcionar muito bem e entregar uma boa experiência de uso.
Gnome
É a interface padrão mas aos poucos vem sofrendo algumas mudanças que muitos usuários mais experientes estão chiando, escondendo ou tirando recursos úteis e funcionais em versões anteriores como, por exemplo, o X11 - que não é mais funcional na versão 49 do Gnome, que passa a usar Wayland. Isso pode tirar funcionalidades como captura de tela com X11 ou OBS Studio caso a máquina não tenha drivers de vídeo que suportem OpenGL acima da versão 3.
O time de desenvolvimento parece achar que o usuário é retardado e estão escondendo itens para "limpar" as opções de configuração para evitar que o usuário faça cagada no sistema e deixar a interface mais enxuta. Quem acompanha o projeto normalmente se ressente quando isso acontece.
Plasma
É a minha interface preferida mas há um certo problema em relação às máquinas mais pererecas: o driver usado na placa de vídeo tem que ter suporte ao OpenGL 3.0, que é o mínimo para permitir o uso do OBS Studio ou dos efeitos da área de trabalho como transparências e blur. Placas de vídeo como HD 4000 (Intel onboard) já tem esse suporte.
Conclusão
- O que o usuário vai fazer com a máquina;
- Qual a máquina que o usuário tem em termos de hardware;
- Qual a capacidade do usuário em aprender (e querer aprender) coisas novas;
- Linux NÃO É Windows.
De posse disso tudo, as distribuições que eu sugiro são:
- Para máquinas acima de i3 de 4ª geração (medianas para cima), 4GB de RAM: Arch Linux e Debian (Gnome ou Plasma); Linux Mint (Cinnamon);
- Para máquinas pererecas (Intel Dual Core, Atom e processador abaixo de 2ª geração, 4GB de RAM: Debian com Plasma ou Cinnamon; Linux Mint (Cinnamon).


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